quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Fazendo amor com você

Assim que abro a tela
sei o que me aguarda
Você expõe sua sacanagem
pronto pra me provocar
Tento um ar blasé
porém
meus olhos denunciam qualquer pensamento

Gosto da pena deslizando pelo papel 
depois que as luzes se apagam
Curvas desenhadas cuidadosamente
Matizadas com o suor
que teima em escorrer de minha mão

Você deixa o ar quente

Findado o amor
quase posso sentir o gemido
preso à ponta da caneta

Necessito de potássio

 



Banho de Anjo - ??/08/2018

 ...aperto o botão pra repetir a música

 sei que está aí

tomo meu banho fingindo não perceber sua fome em meu corpo
viro de costas, jogo a cabeça pra trás
deixo a água cair em meu rosto
rolando, acariciando minha pele
passo os dedos em meus cabelos
num movimento que sei, evidencia minhas nádegas
...nádegas? por que pensei nessa palavra?
movimento que abre minhas asas, alargando ainda mais minhas costas
posso sentir seu olhar, quente, seguindo cada gota

já é tarde
vou ter que ficar

me viro de frente
ainda com um sorriso satisfeito de quem não queria partir
afasto um pouco as pernas
flexiono os joelhos
um pouco mais o esquerdo
levo minha mão
me lavo sem pudor
afinal, "estou só"

sei que ainda está sentado ao pé da cama
disfarço o olhar
quero que continue passeando em mim
sem vergonha
quero voltar pro berço e saber que está lá

anjos necessitam de ninho pra adormecer

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Denúncia digital

Há uma hora estou sentada no sofá, me deleito com Anaïs Nin, suas palavras fazem qualquer corpo esquentar. Estaria cem por cento entregue se não fossem as pequenas manchas que me chamam a  atenção nos vidros das portas da varanda. Me permito mais quinze minutinhos, depois, não conseguirei conter tal incômodo.

Pego uma flanela e o produto de limpeza, o fiz em casa mesmo, água, álcool, vinagre do mesmo e detergente, que no rótulo diz ser ecológico e eu acredito. Pensar que contribuo o máximo me faz feliz, gosto do verde, das copas lambendo o céu, dos desenhos feitos pelas raízes, gosto desses lugares que nos fazem esquecer que há muita sujeira, pra qualquer lado que olhemos.

Mas a realidade além dos meus vidros é outra, mesmo agraciada com lindas árvores que parecem se alongar em busca do calor do sol, abaixo, sentados em desconfortáveis bancos de concreto... para que bancos confortáveis se já não há tempo de sentar-se pelo simples prazer de, sentar-se? Braços abertos apoiados ao encosto, entregues ao ócio, cabeça jogada para trás, olhos levemente cerrados e, pernas que se esticam e se cruzam numa gostosa e descompromissada preguiça... é, já não há mais tempo pra esses pormenores.

As pessoas passam apressadas, celulares à mão, o pensamento parecendo estar três semanas à frente, passos largos, as árvores são deixadas para trás, despercebidas. Há um homem de meia idade sentado em um dos bancos, penso que tudo não está perdido, é então que percebo que a curta parada serve apenas para arrumar um pacote que se desajeitara no trajeto, ele logo se levanta e se entrega ao imediato.

Continuo com minha limpeza, estando no terceiro andar, o romance das árvores se coloca mais próximo a mim do que toda a cinza realidade daquele concreto. Namoro alguns passarinhos que ainda teimam em cantar. Fecho os olhos me entregando aos gorjeios dos que ainda são livres. Sei exatamente onde se encontra cada mancha, enquanto o braço continua preso aos movimentos de círculo posso deixar a alma livre e ainda acreditar no amor.

Ao abrir os olhos, vejo que há um casal na praça, chegaram em meio aos meus devaneios, não devem ter mais que 25 anos e algum tempo pra inércia. Não escolheram um dos desconfortáveis bancos de concreto para depositarem seus corpos, dispuseram algo que, me pareceu ser um lenço, desses grandes, à sombra de uma figueira. Adoro as figueiras, parecem feitas de raízes rebeldes que se recusam a esconder-se no chão e explodem numa busca incessante pelo azul ou... seriam caules curiosos mergulhados nos segredos da terra? ... quem o sabe!

Fico tão absorta diante daquele vidro que não percebo quando você chega e me abraça por trás. Mãos segurando meus seios, levando meu corpo ao encontro do seu. E o hálito quente sussurra em meu ouvido, - olha o casalzinho. É aí que percebo que, enquanto ela lê o que parece ser uma antiga antologia poética (não consigo enxergar, dessa altura, o livro, mas gosto de pensar nas poesias), joelhos dobrados levando as pernas pro mesmo lado e corpo encostado ao corpo do jovem que a acolhe sentado de pernas, levemente, abertas pra que ela se aninhe confortavelmente e, um dorso que convida ao largar-se, ele cochicha coisas que a fazem rir e suspirar entre um verso e outro, ele habilmente escorrega sua mão pra debaixo da saia da moça que, tenho certeza, não a escolheu por um acaso.

Você beija minha nuca enquanto assistimos à cena, leva meu corpo de encontro ao vidro onde espalmo minhas digitais. Eu me empino, como gosto de fazer isso pra você, fico de um jeito que possibilite o que quer que esteja pensando em fazer. O vidro embaçado nos denuncia. Você larga um de meus seios e leva seu sexo ao meu, mete e logo o tira, só quer deixá-lo melado de mim. Me aperta mais forte contra a porta da varanda e, antes que meu suspiro chegue ao fim , você está todo dentro da minha bunda. Enfia rijo como se quisesse rasgar meu cu. Se apoia no vidro com umas das mãos, deixando a pista de que tenho um cúmplice nesse crime, a outra mão você escorrega do meu seio segurando forte minha pélvis, ditando o ritmo do movimento. Eu não resisto, me entrego toda ao seu desejo. 

A cortina de voal acaricia nossos corpos numa dança ritmada por uma leve brisa quente. Você continua me comendo como se eu estivesse ali apenas para servi-lo, jorra sua porra que me inunda e escorre por entre minhas pernas já amolecidas. De novo o hálito quente em meu ouvido, - o vidro continua sujo.

Eu descanso alguns segundos, na mesma posição que me colocara, você está jogado no sofá com aquele sorriso sacana de canto de boca, eu me volto com a melhor resposta que há para esse seu sorriso. Mordo o meu lábio inferior que vai escorregando dente por dente, até me abrir num  largo sorriso de quem quer muito mais e ... monto em você.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Te observo

Gosto de te ver trabalhar. Fico apreciando de longe, olhos atentos ao texto, esse rosto redondo revestido dos cabelos um pouco desgrenhados com aquela mexa que teima em cair na testa, dos óculos de aros leves, você quase disfarça não perceber minha presença, mais existe algo que deixa claro saber que estou ali e que te quero.

Hoje é um daqueles dias que você acorda com mais calor e, seu espírito livre, o permite sentar-se nu e trabalhar com toda a responsabilidade que um bom menino impõe a tudo aquilo que faz. Adoro olhar essa cena enquanto aprecio minha xícara de café fresco, a sua capacidade de ficar à vontade e mesmo assim deixar claro a importância do que está fazendo. É quase paradoxal, me excita.

Continuo dando goladas em meu café, é bom sentir o calor da xícara, a abraço com as duas mãos enquanto vejo seu sexo rijo, parecendo não querer levar a sério o que seus olhos leem na tela com tanta deferência. É bom ficar namorando-o de longe, ele é bonito de se ver, gosto de apreciá-lo sedento de mim.

Adoro essa mesa, ela é vasada, sem nenhum obstáculo que me impeça de colocar-me ali embaixo sem atrapalha-lo. Chego com a quietude de uma gata. Você continua atento à tela, semblante quase sisudo de quem não pode parar o que está fazendo. Mas chega a cadeira levemente para trás para que eu possa me acomodar e, num gesto, parecendo involuntário, abre um pouco mais as pernas, porém, continua responsável.

Engatinho pra baixo da mesa, com toda cautela para não distraí-lo, me posiciono ajoelhada em frente ao teu sexo que, agora, já posso ver estar melado. O seguro com carinho, adoro aquela primeira gota que anuncia o tamanho do seu tesão. Minha língua envolve a cabeça do seu pau, brinco um pouco com meu objeto de desejo, o seguro com as duas mãos, o aperto, levanto os olhos para apreciar sua carinha que, nesse instante, já não consegue esconder a vontade de escorregar pela cadeira e se encontrar comigo. Mas existe prazo de entrega, há muito ainda a se fazer, você resiste.

Eu volto a brincar. Passo a língua na cabecinha, cheiro, beijo, mas eu também não aguento, minha boca o quer, muito, todo... Engulo seu pau grosso, gostoso, que eu acho lindo. Sinto-o na minha garganta. Sugo-o ora com carinho, ora com fome. Percebo o momento que você se larga na cadeira e não consegue mais conter o gemido, é hora de chupá-lo com todo o tesão que estou sentindo. Você não diz nada, seu apetite continua disfarçado na falta de atenção, parecer conter-se me excita e você sabe disso. O momento está quase chegando. O que o seu silêncio dissimula, grita no corpo lutando pra permanecer sentado diante da seriedade exigida. Você goza, um gozo longo que enche minha boca. te bebo por inteiro, não deixo que escorra uma gota. Gosto da minha boca cheia de você.

Te limpo todinho, você precisa continuar trabalhando. Saio debaixo da mesa com o mesmo cuidado que entrei. Dou três passos e, volto repentinamente, pego no teu rosto sério com minhas duas mãos, o volto pra mim e beijo sua boca, um beijo com gosto seu, rapidamente te largo e volto pra minha xícara de café, agora, já fria, enquanto você se recompõe.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Carta pra quem quiser ler - 20/10/2020

Querido Amigo,

Mesmo sem empunhar uma caneta e, o cheiro do papel, escrever estas linhas será, com certeza, um prazer que não tenho há muitos. Devo-lhe meu sincero obrigado por isso.

Bem, voltarei ao assunto que deixamos no whats'app. Para isso, falarei um pouquinho (não será um pouquinho, vc já deve saber ... rsrsrs) de mim.

Aos 48 anos sei como meus sentimentos e corpo funcionam. 

Justamente por nunca ter me furtado de sentir tudo que a vida me permitiu, fui percebendo que precisava muito mais do que um corpo bonito e charme fugaz pra que eu me encantasse.

Claro que experimentei sexo casual. O ato era bom, dava prazer, havia tesão. Pudera se não houvesse nada disso, ou eu estava morta ... rs, ou algo estava muito, muito errado. Não, necessariamente, algo deveria estar errado, eu poderia ser assexuada, que sabemos não ser nenhum problema, mas não é o meu caso. A questão era o vazio que ficava depois, um buraco tão fundo que me incomodava, fui ficando cada vez mais sozinha. Momentos de prazer não valiam o incômodo do vazio.

A boa conversa me deixava embevecida. Eu era um único suspiro que não tinha fim. O tesão era na alma, e isso foi intrigante e fantástico de se perceber. Se me fosse mandado escolher um dos dois, boa conversa  ou sexo, sem a menor possibilidade deles estarem juntos, eu escolheria, com certeza, a boa conversa.

Ao constatar isso, passei a lidar com um paradoxo, um corpo suscetível ao menor estímulo e uma alma sedenta de tesão. Suprir o corpo com a presença de outro, era coisa fácil, mas toda a sensação se liquefazia no gozo. Já a alma, quando tocada, era um prazer que grudava, que se fundia em mim, e isso era a própria plenitude.

Fora o fato de que satisfazer o corpo é algo que faço muito bem só. Já a alma, mesmo com os livros, a dança, toda a arte da qual consigo me cercar, necessita de um interlocutor. A troca é o que proporciona o gozo pleno. Como gostaria que fosse possível acariciar meu intelecto com a mesma destreza que faço com meu sexo. Aí, eu trancaria a porta de vez e jogaria a chave fora... rs...  Mas a vida não foi feita pra cem por cento de solidão, já aprendi isso.

Você conseguiu tocar num lugarzinho de difícil acesso. Quer dizer, o lugar está aqui, é só tocarem, mas poucos conseguem. Eu até tento desenhar um mapa, uma carta náutica, afinal, cada um percorre o caminho como quiser, o importante é chegar. Mas nada facilita. Até porque, a sensibilidade necessária pra se ler o mapa e trilha-lo é a mesma pra se perceber que o caminho do meu corpo passa primeiro pelo meu intelecto, pela minha alma.  É um misto de frustração, revolta, desesperança. Deixando a pouca elegância que tenho de lado ... rs ... fico puta!

Há períodos de um longo recolhimento. Mas minha alma é feita de pura paixão, e custa a acreditar que não mais ficará suspirando com os olhos perdidos, saudosa daquele abraço em que se aninha e a prosa que a embala. E claro..., das mãos fortes que seguram os braços e puxam o corpo pra si, onde olhos sedentos se encontram e selam a saudade com um beijo.

Há momentos de dor, a vida é assim. Porém, existe prazer em transformar a dor em palavras, em expectativas, em sonhos adolescentes, em suspiros abraçada ao travesseiro. Disso, nunca quero me furtar. Preciso das minhas paixões, mesmo quando não compartilhadas.

Até a próxima.

Um abraço da sua amiga de infância ... Vi.


Caminho certo - 28/09/2011

Não me venha com esse ar de conquistador,
não me atire seus músculos bem trabalhados,
não pense que eu perderei o fôlego
com essa sua disposição.
Não me apresente contorcionismos,
pra isso, vou ao circo
...

Me fale poesia.
Me encha de perguntas.
Me dê uma resposta.
Me abra a alma,
que eu amoleço as coxas.

Sobremesa

Acabo de mudar umas plantas de vaso. O suor escorre entre meus seios, preciso de um banho.

Coloco um vestido de tecido fino, alças, ombros e colo à mostra revelando as saliências de que sei, gostar. O dia amanheceu quente e, lembrar de você, talvez o esquenta mais.

Está quase na hora do almoço, começo a mexer com panelas, temperos, pensar no que vou cozinhar. Ontem não deu tempo, eu estava exausta depois do último beijo, você me deixa assim.

Colhi alguns tomatinhos, salsa e manjericão. Há algo de sex numa horta, ou há algo de sex nos movimentos involuntários que faço, lembranças da noite de ontem.

Vou fazer umas panquecas, cenoura na massa, recheá-las com o que colhi e um pouco de mozzarela. Começo a picar os tomate quando ouço o barulho da porta da sala se abrindo. Só você tem as chaves, mas não combinamos nada, cada um almoçaria só e, depois, como sempre acontece, nos falaríamos pelos meios de comunicação disponíveis e, marcaríamos nosso próximo encontro, entre vozes sussurradas e palavras picantes.

Fingi não perceber o barulho, continuei o que fazia. Senti o calor do seu corpo se aproximar, me mantive discreta, quase desatenta, mas já havia em meu rosto aquele meio sorriso que você sabe ler tão bem. 

Sinto sua mão segurando minha nuca onde, imediatamente, você deposita sua boca, quente, molhada,  me enchendo de mordiscadas e pequenos beijos, enquanto acaricia suavemente, com a outra mão, minha coxa direita, gosta de me ver eriçada como gata no cio, e eu sei disso. Continuo picando meus tomates e disfarçando aquilo que você tão bem já sabe.

Sua mão em minha coxa desliza entre a carne e o pano, chega até meu sexo e o descobre desnudo e melado. O dia amanheceu quente, a temperatura só aumentava, não faria sentido colocar uma calcinha. Talvez, algo em mim sabia que você voltaria, ainda havia muito tesão da noite passada.

Você brinca com meu sexo enquanto beija minha nuca descendo pelas minhas costas, suspende meu vestido deixando minha bunda, já empinada, toda à mostra, a beija, a morde, vira meu corpo e abre minhas pernas ... delicadamente ... eu dobro meus joelhos um pouco, me coloco na ponta dos pés de um jeito que possa me beijar sem pressa. O beijo é longo. Você segura firme minhas nádegas, ajeitando meu quadril para que possa acariciar meu tesão, teso, aguardando sua língua espessa que conhece cada pedacinho meu.

De repente, o beijo cessa, você me coloca, novamente, de costas, vem trazendo meu vestido acariciando minhas costas, o tira, espalma forte minha pélvis com sua mão esquerda me fazendo empinar a bunda o máximo que consigo. enquanto me entretém com beijos na nuca, num susto, te sinto todo dentro de mim, me apoio na pia enquanto nos curvamos pra frente. Você segura firme meus seios enquanto mete todo o tesão que ainda restou da noite passada.

Seus braços fortes me envolvem enquanto sinto seu rosto sobre meu ombro direito. Você me aperta cada vez mais forte,  e mete, mete teu membro rijo cada vez mais fundo, e eu me empino, adoro suas mãos fortes me segurando como se eu pudesse escapar.

Você jorra dentro de mim enquanto gememos de tesão. Posso sentir nossas pernas amolecerem num mesmo compasso. Nos derretemos pelo mármore, corpos largados no chão da cozinha. Eu fazendo seu dorso de travesseiro e você me acolhendo com um dos braços que, posso perceber, desliza, sem forças, pela minha cintura.

Daqui a pouco, passo um café.


Motivação

A motivação é aquilo que desperta o nosso interesse por algo, é também um processo que dá origem a uma ação consciente e, um impulso que faz...