segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Sofá e silêncio

 Chegamos a sua casa. Você tira os sapatos para entrar, gosto desse hábito, também o tenho.

Pergunta se quero uma água ou, qualquer outra coisa. As palavras são poucas, foi assim por todo o caminho, apenas olhares sem graça que logo são desviados em meio a sorrisos adolescentes.

Não presto atenção nos detalhes, só percebo uma desordem que parece ser organizada pra quem a fez. A gata vem nos receber, bem, a mim, não, me olha de baixo a cima e se afasta ainda observando quem é essa outra fêmea que parece querer seu dono.

Pergunto-me onde estão aquelas pessoas das conversas picantes e das fotos provocativas. Ele é bonito, mais bonito, e tem mais de um e oitenta, realmente. Fico olhando-o enquanto ele está distraído fingindo fazer sabe-se lá o quê. 

Respiro fundo, me acomodo num sofá que pareço já conhecer das nossas "conversas" por vídeo. - Vem cá, senta aqui. Você chega arrumando aquela mexa que adoro ver deslizar por sua testa. Senta ao meu lado num movimento tão tímido que pende os braços entre as pernas arqueando os ombros. Ainda somos só sorrisos desconcertados, desconcertantes. Você vira a cabeça, me olha, lentamente, se encosta no sofá abrindo os braços, pronto pra me receber.

Eu me levanto, me coloco a sua frente, dobro meu joelho esquerdo apoiando-o no sofá enquanto minhas mãos procuram sustento em seus ombros. Sem tirar meus olhos dos seus, levanto minha perna direita num movimento de montaria e ... cá estou... tirando a camisa de malha que ainda cobre o tronco que muitas vezes senti em meus sonhos.

Você escorrega seu corpo pelo sofá e, ao mesmo tempo, cheio de destreza, desliza a calça de moletom, que termina de tirar com os pés, enquanto as mãos, agora livres, seguram firme minhas ancas. Só há a camisa e a calça de moletom, eu não havia percebido isso, prático, mais uma coisa que gosto em você.

Agarra firme meu vestido e o puxa, sem pressa, até passá-lo pelos meus braços que, já levantados, fazem o caminho de volta aos seus ombros largos, como num passo de dança, acompanhando o seu partner. Não há mais nada, só o vestido, ideia que você aprova com um sorriso de canto de boca.

Agora, só existe desejo entre nossos corpos, posso sentir sua pele querendo a minha. Acomodo minhas nádegas em suas coxas, me sento e observo sua vontade crescer, latejar. Você aproxima seu tronco do meu, me deixa toda ouriçada ao sentir seus pêlos acariciando os bicos dos meus seios, segura firme minha bunda abrindo-me gentilmente para recebê-lo, conduz o encaixe, e eu como uma boa bailarina, acompanho a dança e te encharco desse tesão guardado há tempo.

Somos um só compasso, um vai e vem sem pressa e sem deixarmos de nos olhar. Você desliza suas mãos das ancas para as minhas costas e junta nossas carnes num abraço e acomoda seu rosto em meu ombro direito, e eu, no seu, sentindo o leve anelar de seus cabelos passando por minha boca.

Eu te engulo por inteiro, com uma fome que não me lembro da última vez que senti. Nossa respiração em uníssono une nossas bocas, somos um só beijo, quente, molhado, matando uma saudade que ainda não sabíamos existir.

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